Ainda vivemos em um mundo onde muitos homens foram ensinados a ver antes de sentir. A olhar o corpo da mulher antes de enxergar sua essência. A desejar antes de se conectar. E isso não é coincidência — é herança.
Um passado que ainda ecoa
Historicamente, a mulher foi colocada em posição de objeto. Na arte, na publicidade, na religião, na política. Durante séculos, o feminino foi controlado, silenciado, sexualizado. O corpo da mulher foi mercadoria, posse, enfeite — raramente presença, voz ou potência.
A cultura pornográfica, que hoje se espalha com facilidade através da internet, reforça esse padrão. Segundo dados da organização Fight The New Drug, o consumo de pornografia começa, em média, aos 11 anos de idade, moldando desde cedo a forma como muitos meninos passam a enxergar o corpo feminino: como um objeto de satisfação, e não como um portal de conexão.
Essas narrativas criam uma lente distorcida. E ela acompanha os homens até a vida adulta — inclusive dentro de espaços que se propõem a ser livres, acolhedores e conscientes.
O que acontece quando o olhar é condicionado?
Numa sociedade em que os homens são incentivados a performar virilidade a partir da conquista, do domínio e da quantidade, muitos deixam de experimentar o que realmente importa: a troca genuína, o afeto simples, a possibilidade de um encontro com verdade.
E isso se reflete em todos os ambientes — inclusive na balada.
Sim, estamos falando de uma festa. Mas também de algo muito maior: a forma como escolhemos estar no mundo.
Quando a noite vira espelho
Na Soulmar, percebemos esse movimento. Muitos chegam buscando música boa, mas ainda presos em um olhar objetificador. Ainda olhando primeiro para o corpo, e não para o ser.
E por isso, resolvemos falar. Porque é preciso falar.
A Sextinha não é só um evento: é um convite a viver o rolê de forma consciente, amorosa e respeitosa. É um espaço onde queremos ver florescer um novo masculino — que se permita olhar com curiosidade, começar com amizade, dançar com leveza e se conectar de verdade.
Não importa se o encontro vai durar uma noite ou uma vida — que seja inteiro, presente, respeitoso.
Um novo masculino é possível — e urgente
Estamos vivendo um tempo de transição. Cada vez mais homens têm buscado autoconhecimento, terapia, rodas de conversa, espiritualidade. Têm percebido que podem amar sem dominar, desejar sem objetificar, viver sua sexualidade sem repetir padrões nocivos.
E isso muda tudo.
Muda a forma como nos relacionamos.
Muda a forma como celebramos.
Muda, inclusive, o que chamamos de liberdade.
Conclusão
Falar sobre isso num contexto de festa é revolucionário.
Porque a festa também é vida. É espelho. É escolha.
Na próxima vez que entrar em uma balada, experimente:
Olhe nos olhos antes de olhar o corpo.
Escute antes de falar.
Sinta antes de agir.
Pode ser que o encontro que você procura há tanto tempo… comece aí.